Assisti agora à noite ao documentário
Pixote in Memoriam, de Felipe Briso e Gilberto Topczewski . Valeu a fila, que chegava quase no boteco da esquina da Alameda Jaú. Valeu a garoinha na cabeça enquanto esperava para pegar o ingresso.
O filme narra os bastidores das filmagens do longa histórico de Hector Babenco e, na sequência, a trajetória de Fernando Ramos da Silva, que morreu carregando a cruz do rótulo de Pixote.
Se o filme já é emocionante por si só, a sessão no festival É Tudo Verdade ainda contou com as presenças de integrantes do elenco, na época meninos vivendo a experiência primeira (e para muitos, a única) de ser ator, e da viúva de Fernando, Cida.
Eu chorei, é claro. Fiquei completamente emocionada com todos os depoimentos e, para completar, o ator Jorge Julião, um dos poucos que seguiu a carreira e que no filme fez o Lilica, sentou na minha frente. Nossa! Quando o documentário exibe a cena em que o Lilica canta
Força Estranha, nas pedras do Arpoador, eu me arrepiei até a alma. E o cara estava ali na minha frente. E o nome do personagem dele me remete a Henrique, amigo que morreu há 12 anos e que tinha esse apelido por causa do filme (e dos cabelos longos). Foi uma coisa de louco MESMO!!
Fiquei com muita pena da dona Josefa, mãe do Fernando, e mais uma vez tive a prova de que mãe não deveria nunca perder filho. Mesmo acreditando que o filho buscou o destino trágico que teve, aquela mulher simples tem uma certeza, expressada por ela no documentário: essa dor, a dor da perda, ela vai carregar para sempre, até o dia de sua morte.
Tristeza à parte, o filme me trouxe uma conclusão: se eu pudesse, eu casaria hoje mesmo com o Caco Barcellos. Ele nem precisava ser lindo, mas é. E, além disso, aparece defendendo a idéia de que a polícia matou Fernando Ramos da Silva sim e que os exames legistas comprovam que não foi em legítima defesa. Os tiros foram à queima roupa e naquela situação não poderia ter havido tiroteio, de acordo com as provas legais. Para acabar de invadir meu coração (hehehe), o Caco Barcellos fechou com chave de ouro: 15 mil meninos são mortos todos os anos pela polícia. "Mas quem é a polícia para dizer que nenhum daqueles meninos poderia ter um futuro brilhante, como os filhos dos bacanas do Brasil?" Aí foi demais. Tiro no peito. Apaixonei pra sempre.