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Pra doido ler

segunda-feira, setembro 24, 2007

A conspiração [versus] O latejar de um ser


O dia amanheceu cinza, mas tão cinza, que ela deixou os óculos escuros em cima da mesa. Mas não era primavera? Era, era sim.
O dia já amanheceu estranho e ela tinha certeza que alguma coisa ia acontecer. Mas não queria fazer drama, porque a vida era bela e logo ali na esquina tinha uma flor amarela.

Caminhou até o destino e tentou, tranqüilamente, fingir que tinha total controle sobre o que tanto desejava. Não, não controlava o objeto. Nem queria. Nem podia. Nem sabia. Mas sabia, sim, que podia controlar o desejo. E sair por aí aparentando uma calma que talvez nem tivesse. "O único problema de controlar o que deseja", ela pensou, "é quando lateja".

É, quando lateja realmente não tem jeito.

E foi depois de um dia inteiro com dor de cabeça e com uma angústia que queria sair pela boca, que ela chegou em casa com uma sensação estranha de que o universo estava conspirando contra. De que pairava uma macumba no ar. Uma espécie de conspiração vindo sabe-se lá de onde. Mas ela pensou que nada daquilo era, de fato, um problema.

Pegou os óculos escuros em cima da mesa e pôs na bolsa. Amanhã precisaria deles. Porque, afinal, era teimosa.

domingo, setembro 23, 2007

Nunca [uma promessa]

Nunca mais eu digo nunca.

Mais que isso.

Nunca mais eu digo nunca mais.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Um caminho só [feito por dois]


Um caminho só [feito por dois] começou há 36 anos.
Um caminho só [feito por dois] começou a dar origem ao que tenho de mais precioso.
Um caminho só [feito por dois] gerou três.
Um caminho só [feito por dois] é motivo para eu estar tão feliz hoje!!
E olha que, se a vida fosse um filme, a primeira cena desse caminho único trilhado por dois mostraria um tempo muito mais antigo, quando esses primos que viraram meus pais se conheceram ainda crianças.
Te amo, pai. Te amo, mãe. E amo demais também vocês dois assim, feito um.

P.S: A primeira foto é a minha favorita, de todos os tempos. Tirada na Praia do Calhau, em São Luís, Maranhão, certamente há quase 40 anos.

terça-feira, setembro 18, 2007

Vai ser uma casa muito engraçada



A idéia nasceu hoje. E é preciso brindar ao nascimento de uma idéia tão pura (com Michelada, na Drinkeria Maldita, por favor).

O negócio é o seguinte: vamos morar todos juntos. Tipo Os Novos Baianos, sabe?

A casa vai ter quintal e jardim, mas eu não sei ainda onde ela vai ficar. Talvez a escolha da casa gere a primeira briga, mas depois passa. Sempre passa.

A casa vai ter gato e cachorro. E peixe, porque eu adoro peixe. Um beta vermelho, de preferência.

As crianças vão crescer juntas e felizes, brincando e ouvindo Beatles todo santo dia. Todo mundo vai ser pai, todo mundo vai ser mãe, todo mundo vai ser filho.

É isso aí. Ainda não sei quando, mas vamos morar todos juntos.

E, mesmo quem não more com a gente, vai poder visitar e ficar para dormir. Os almoços de domingo serão cheios e demorados. Dançaremos e cantaremos. A comida, claro, será sempre deliciosa: uma mistura de Minas com Maranhão, passando pelo Rio, São Paulo e por um monte de outros cantos.

Vamos morar todos juntos. Hoje começou um sonho. Que é lindo. Não é?

** O post acima bateu recordes de comentários no Multiply. Uma idéia hippie ainda gera a participação coletiva! :)

sexta-feira, setembro 14, 2007

Atestado de óbito (ou Confissões de uma assassina)


O primeiro passado que eu matei me olhou no fundo dos olhos, com muita coragem, logo antes de eu dar o primeiro disparo. E, mesmo sabendo que estava prestes a morrer, fez questão de dizer que morreria certo de que a errada era eu.

O segundo passado que eu matei quis morrer em paz. Não ofereceu resistência e tombou quieto e calado.

O terceiro passado eu tentei matar de várias maneiras. Fiz planos mirabolantes e aparentemente infalíveis. Pedi coragem emprestada, comprei doses extras de frieza cruel e ataquei violentamente, com tiros e facadas. De pé ele continuou e, só se eu chegasse bem perto, conseguiria ver os ferimentos.

O terceiro passado que eu tentei matar me provou que nem sempre preciso ser eu a assassina. O terceiro passado que eu tentei matar me brindou com o mais perfeito dos finais banhados em sangue. E se matou sozinho.

terça-feira, setembro 11, 2007

Sorrisos, céu azul, Ipanema, cerveja e homens bonitos

Pra que mais? :)

Na ponta da língua

Chego em casa e não, não ligo a TV. Chego em casa e sim, eu acendo meu incenso. E já chego com uma agonia que não, não me pertence. Ou sim, será que pertence? Na dúvida, tiro a roupa. Sim, mas antes os sapatos. Não, não estavam apertados. Mas não, eu não admito ficar calçada dentro de casa. Chego em casa e venho com a fome. Que sim, ela sim me pertence. Não, não tem comida. Mas sim, ainda tem um resto de pão integral de fôrma. E sim, também tem queijo (e um resto de geléia). Chego em casa e como o sanduíche. E sim, descubro que a agonia é minha, sim. Não, a fome já não é minha, porque o sanduíche já está no fim. Sim, mas a agonia, essa sim é toda minha. Porque sim. Porque a única coisa que sinto na ponta da língua nesta noite é o ardido da geléia de pimenta.

terça-feira, setembro 04, 2007

Second life


Entediada, decidiu dar uma festa. No Second Life. Seu vestido foi desenhado. Pintou a boca de vermelho, no Photoshop.

Estava pronta, mas ansiosa. Não sabia se ele iria aceitar o seu convite. De qualquer forma, esperaria, fingindo que a presença dele pouco importava.

E esperou. Esperou bastante.

- Demorei muito?

Virou-se, numa mistura de susto e felicidade.

- Ham?

- Demorei?

- Ah... não... Só a vida inteira.