A conspiração [versus] O latejar de um ser
O dia amanheceu cinza, mas tão cinza, que ela deixou os óculos escuros em cima da mesa. Mas não era primavera? Era, era sim.
O dia já amanheceu estranho e ela tinha certeza que alguma coisa ia acontecer. Mas não queria fazer drama, porque a vida era bela e logo ali na esquina tinha uma flor amarela.
Caminhou até o destino e tentou, tranqüilamente, fingir que tinha total controle sobre o que tanto desejava. Não, não controlava o objeto. Nem queria. Nem podia. Nem sabia. Mas sabia, sim, que podia controlar o desejo. E sair por aí aparentando uma calma que talvez nem tivesse. "O único problema de controlar o que deseja", ela pensou, "é quando lateja".
É, quando lateja realmente não tem jeito.
E foi depois de um dia inteiro com dor de cabeça e com uma angústia que queria sair pela boca, que ela chegou em casa com uma sensação estranha de que o universo estava conspirando contra. De que pairava uma macumba no ar. Uma espécie de conspiração vindo sabe-se lá de onde. Mas ela pensou que nada daquilo era, de fato, um problema.
Pegou os óculos escuros em cima da mesa e pôs na bolsa. Amanhã precisaria deles. Porque, afinal, era teimosa.
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