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Pra doido ler

sexta-feira, junho 29, 2007

Só porque ouvi "Ovelha negra"...


Titia Rita sempre avisou: não adianta chamar, quando alguém está perdido procurando se encontrar.

Então tá.

Só não me peçam para entender quem realmente acreditou que iria achar a felicidade em um lugar que tem tristeza até no nome.

Ah, look all that lonely people!

Para terminar com quem eu comecei, uma musiquinha para servir de trilha sonora para a vida inteira. Porque agora eu vou cuidar de mim.





Eu e Mim

Rita Lee

Composição: (Rita Lee / Roberto de Carvalho)

No espelho não é eu, sou mim.
Não conheço mim, mas sei quem é eu, sei sim.
Eu é cara-metade, mim sou inteira.
Quando mim nasceu, eu chorou, chorou.
Eu e mim se dividem numa só certeza.
Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma.

Eu amo mim
Mim ama eu

Ser dona de casa é difícil


Antes que aquelas pessoas que acham que a vida só é difícil para quem tem filho, eu vos digo: esse é um post-desabafo-meu-dia-poderia-ter-30-horas, mas eu não tenho filho. Nem cachorro. Só duas plantas.

Mesmo assim, acho difícil ser dona de casa e também querer viver todo o resto que a vida me oferece fora da minha casa.

Eu não tenho filho, mas eu tenho muita coisa para resolver/pagar/limpar/arrumar/pensar. Eu só queria desabafar aqui. Tudo bem pra vocês? Porque hoje eu esqueci de deixar a chave para a diarista. Minha casa está uma zona. Eu fui dormir tarde, tentando arrumar umas coisas no banheiro. E separando as contas que teria que pagar até sexta-feira. E organizando dois freelas. E etc.

11h o porteiro me ligou dizendo que a diarista estava do lado de fora. Só aí eu me toquei que esqueci dela. E de mim, de certa forma. Porque minha casa está uma zona. [Ah, já falei isso, né?] Mas está mesmo. Muito.

E eu sou uma pessoa que não esqueço das coisas muito fácil. Mas eu esqueci a diarista.

Não tenho filho. Não tenho uma casa limpa. Só por hoje. Amanhã tem mais.

quarta-feira, junho 27, 2007

Cobertura completa

Cobertura completa da comemoração do aniversário!
:)

Uma história que eu roubei na rua


Eu roubo histórias da rua. Sempre roubei. E me aproprio de personagens prontinhos que cruzam meu caminho por aí afora.

Mas nunca, eu disse nunca, tinha ficado tão impressionada com um diálogo flagrado no meio da rua.

Ela devia ter uns 50 anos. Ele, perto disso, talvez uns 10 anos a menos. Os dois decidiram discutir a relação - em alto e bom som - nos sofás que ficam na entrada da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional. Foi lá que eu fui fazer hora para um compromisso que teria uma hora depois.

Fiquei impressionada. Parecia que eu estava assistindo a um filme no meio da rua. Uma peça de teatro encenada ali na minha frente. Fiquei impressionada. A ponto de anotar o diálogo, a partir de um certo ponto. Sem culpa. Afinal, eles que decidiram que deveriam falar de amor e dor ali.

Nada, eu disse nada, que está escrito abaixo foi inventado por mim. Anotei tudo. Compulsivamente. E eles nem perceberam.

ELA: Eu não sou um brinquedo. Ou você me chuta de vez ou me assume. Agora que eu estava tentando ficar com você, você quer me chutar?

ELE: Posso falar uma coisa? Não é questão de brinquedo. Tô cético. Vivo uma confusão mental.

ELA: Quando eu disse que não queria mais, você falou 'volta pra mim'.

ELE: Entenda. A confusão mental é enorme. O diálogo com você é ótimo. Você tem uma maturidade sem igual. Mas eu sou um pseudo-romântico cético. Nosso relacionamento é romântico, mas é também construtivista. Você teve importância...

ELA: Eu não morri ainda. Você só fala de mim no passado. Não morri ainda.

ELE: E nem vai morrer. Se você pensa que vai morrer aqui, está redondamente enganada.

ELA: Redonda? Tá me chamando de gorda?

ELE: Independente de qualquer coisa...

ELA: "Independente de qualquer coisa" quer dizer não.

ELE: Você acredita que estou me sentindo mal?

ELA: Não, eu não acredito em você. Você fala uma coisa aqui e sente outra aqui. Será que você não percebe que eu amo você? Vai ser em 3 mil, depois da bomba?

ELE: Eu sei. Não é fácil. É confusão mental. Me perdoa?

ELA: Não é querendo me gabar, mas eu fiz você acreditar em você.

ELE: Você me deu muita coisa.

ELA: Pensa que foi só aluno? Você foi professor.

ELE: Foi uma troca.

ELA: Mas não aquela troca hostil.

(pausa)

ELA: Não quero ser dona da razão. Mas por que você está jogando isso fora? Pra agradar os outros? Seus pais?

ELE: Aquela sexta foi fatídica. Aquilo acabou. Foi horrível.

ELA: Insatisfação é uma coisa. Cólera é outra. Você não estava habituado a ser reprimido.

ELE: Aquilo foi uma repulsão. Mas eu te perdoei porque sempre você reconheceu seus erros.

ELA: Por que eu não reconheceria? Por que eu fugiria de mim mesma? Sabe uma coisa que eu odeio em você? A gente tá falando uma coisa séria e você muda o assunto. Você escorrega como sabonete. Você desvia.

ELE: Sou disperso demais.

ELA: Você é um feio!

(pausa)

ELA: Nesses sete anos, não tentei te mudar. Eu não vou te mudar. Só pára de negar as coisas pra você! Você tem direito de amar, tem direito de xingar, de falar o que quiser pra mim. Mas pára de se negar para si mesmo.

(pausa)

ELA: Vou te dar um prazo. Até 31 de julho você vai ter que parar de deslizar como sabonete. Nós vamos nos ajudar. Se você escorregar num tomate, você limpa. E eu farei o mesmo. Tá disposto?

ELE: Tô.

ELA: Ajeita seu universo. Hoje, 25 de junho de 2007, às 20h29, vou dizer: guarde sua bandeira bem dobradinha. Porque vou querer vê-la bem hasteada. Seja um soldado. Não vou nem te ligar.

ELE: Como? Como você vai viver sem me ligar durante um mês?

ELA: Isso é problema meu. Tá com medo? Agora todo bolo que eu fizer, tenho que te dar a receita?

ELE: Santa estratégia silenciosa? Por um mês?!

ELA: Essa guerra que te declarei não é pra você ficar na Rua Sergipe e na Avenida Angélica trancado, sem fazer nada. Tem várias formas de se combater o inimigo.

ELE: E se depois eu não souber a resposta?

ELA: Essa pose sua é sarcástica.

quarta-feira, junho 20, 2007

Feliz em um dia azul (e meu)


Minha irmã Tatiana e eu, fevereiro de 1977

Sim, era bem mais fácil nessa época da foto aí de cima. Por tudo. Porque eu não fazia idéia de quem eu era. Assim como hoje. Mas, ao contrário de hoje, eu também não fazia a mínima questão de saber. Porque eu não tinha contas para pagar. Porque eu não tinha noção de nada (estive muito doente, muito mesmo, e não perdi uma noite de sono por causa disso). Porque o meu mundo era o quintal da minha casa, protegido pelos olhares guardiões dos meus pais e avós.

Era muito mais fácil nessa época da foto aí de cima. Mas nem por isso hoje eu estou menos feliz.

Hoje eu sinto o dia como meu. Gosto de estar ao lado de pessoas que amo. Amanheci feliz e solar, com carinho logo bem ali do meu lado. Com saudade da família, sim, mas radiante de ouvir a voz de todos eles no telefone.

Era muito mais fácil quando eu era essa baliza aí de cima, mas hoje, mesmo com todas as dificuldades que a vida adulta traz, eu estou muito feliz!

É meu aniversário e, em plena véspera de inverno, o dia está caloroso e completamente azul.

segunda-feira, junho 18, 2007

Filho de irmão



Não tem outro nome para filho de irmão da gente. É sobrinho. É quase filho também.
Não tem outro nome a receber, de coração aberto, quando um irmão da gente vai virar pai. É tia. Quase mãe, quase irmã.
Pois eu vou ser tia outra vez.
Mais do que tia, eu quero ser amiga dessa criança. Como sou do pai dela, há 18 anos e cada vez mais. Como eu comecei a ser há pouco, mas não com menos carinho, da mãe dela.
Venha com tudo, bebê. Que logo mais a gente conversa.
Venha com muito amor. Que logo mais a tia canta "Yellow Submarine" pra você.

Quem aqui como eu tem a idade de Cazuza quando morreu?



Ei, vamos comemorar minha nova idade???

Clique na imagem para ver maior! Ah, e vai ser a partir das 20h30.

sexta-feira, junho 15, 2007

Pequenos pensamentos em uma sexta-feira

Pensamento de ordem prática: a casa já merece uma nova faxina.

Pensamento de ordem estética: quero cortar o cabelo antes da festa de aniversário.

Pensamento de ordem fútil: com que roupa eu vou na festa de hoje?

Pensamento de ordem útil: preciso separar umas roupas para doar.

Pensamento de ordem sentimental:
queria tanto que minha família estivesse comigo dia 20!

Pensamento de ordem banal: descongelo a carne ou o peixe para almoçar amanhã?

Pensamento de ordem dolorosa: eu arranquei o siso, mas será que agora a gengiva vai crescer em cima do último dente do lado direito?

Pensamento de ordem consumista: acho que vou no Varal do Beco sábado de manhã.

Pensamento de ordem financeira: eu não tenho um puto.

Pensamento de ordem raivosa: antes era só o blog. Agora vê o meu orkut!!!

Pensamento de ordem absurda: ainda dói, mas não é mais amor.

Pensamento de ordem metafísica: será que já saí do inferno astral?



Pensamentos, muitos pensamentos sobre uma nova fase.



p.s: A foto acima, mosaico onde moram essas idéias e tantas outras, foi "mosaicada" aqui. E eu descobri ele no blog da Carlota.

quarta-feira, junho 13, 2007

Breve dica sobre o Dia dos Namorados


É, o Dia dos Namorados foi ontem. Ou seja, passou. Mas eu tenho que falar uma coisa sobre a data.

Ontem três pessoas me deram Feliz Dia dos Namorados. Duas delas eu amo muito. Muito mesmo. E nada abalaria esse amor que sinto por elas.

Mas, mesmo assim, preciso comentar que andei pensando a respeito. Tudo bem, o Dia dos Namorados é uma data comercial, como todas as outras. Mas por que será que você, sem namorado, recebe "Feliz Dia dos Namorados"? Deve haver uma razão. E eu não sei ainda qual é, mesmo tendo pensado bastante a respeito.

Dar "Feliz Dia dos Namorados" a uma pessoa sem namorado é, a meu ver, a mesma coisa que:

- Desejar Feliz Aniversário a uma pessoa que não nasceu no dia da felcitação;

- Desejar "meus pêsames" a quem não perdeu ninguém, pelo menos nos últimos meses;

- Dar tchau para quem não está indo embora, em um momento em que você também não vai a lugar algum...

E por aí vai.

A "titia" aqui não quer parecer amarga, apesar de ter sido bem mal acostumada com presentes e mimos dia 12 de junho, dos 15 aos 30 anos, sem um ano sequer de interrupção.

Agora o processo foi interrompido. E eu não vejo sentido em receber Feliz Dia dos Namorados.

Tô velha e chata? Ou apenas solteira?

terça-feira, junho 12, 2007

She´s leaving home (ou Revolta e fuga de uma filhinha de papai)



Cinco da manhã. Quarta-feira. Ela está em silêncio e não tem certeza de nada. Aliás, ela só tem certeza de uma coisa: está deixando o lar.
Alguém haveria de julgá-la? Pensa nisso, mas bem rapidamente.
Silenciosamente, ela fecha a porta do seu quarto. Ali deixa trancados alguns sonhos. Deixa um bilhete. Desce as escadas segurando o seu lenço. Até a cozinha. Cuidadosamente, ela vira a chave da porta dos fundos.
Ela está livre. Deixa a casa, enfim.


She (We gave her most of our lives)
is leaving (Sacrificed most of our lives)
home (We gave her everything
money could buy)
She's leaving home after living alone
For so many years. Bye, bye.



Ela está deixando a casa. Ela está deixando o lar.
Seus pais lêem o bilhete de apenas duas linhas e pensam que sacrificaram parte de suas vidas por ela. Pensam no dinheiro que sempre deram para que ela comprasse o que quisesse.
E ela está deixando o lar exatamente porque o que mais queria o dinheiro nunca pôde comprar.
"Nosso bebê se foi", diz a mãe, aos prantos. "Como que ela pode fazer isto comigo?", pensa o pai.


She (We never thought of ourselves)
is leaving (Never a thought for ourselves)
home (We struggled hard all
our lives to get by)
She's leaving home after living alone
For so many years. Bye, bye.


Nove da manhã da sexta-feira. Ela já está bem longe. Não se arrepende de nada. Absolutamente nada. O pai e a mãe ainda estão tentando descobrir o que fizeram de errado. E ela nem se lembra mais com tanta nitidez da voz deles dois. Eles sempre tentaram agradá-la com dinheiro, mas sempre conversaram bem pouco com ela. Eles sempre tentaram agradá-la com dinheiro, mas diversão é a única coisa que dinheiro não consegue comprar.
Diversão de verdade não se compra. De diversão se vai atrás. E, por isso, ela deixou o lar.

She's leaving home. Bye, bye.



* Inspiração e trechos em negrito vêm de "She´s leaving home", dos Beatles.

segunda-feira, junho 11, 2007

É foto que não acaba mais

domingo, junho 10, 2007

Vale o ingresso, viu?


"Não por acaso", de Philippe Barcinski.

Regurgitofagia

Sentiu um pouco de nojo. De si mesma e de quase tudo o que estava ao seu redor. Nojo da sala de casa, nojo da toalha de banho, nojo da fronha que cobria o travesseiro.

Sentiu nojo e, logo depois, a comida veio na goela. Ou bem perto disso. Parecia realmente que ela ia vomitar.

Não adiantava. Suas reações eram sempre físicas. E era esse o seu maior problema.

sexta-feira, junho 01, 2007

It was 40 years ago today

De lá pra cá, daqui pra lá