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Pra doido ler

sexta-feira, julho 25, 2008

É um barato o Cassino do Chacrinha


Daí que eu resolvi assistir ao programa Por Toda Minha Vida ontem. Era sobre o Chacrinha. E já no primeiro bloco eu estava chorando. Meu pai do céu, nem eu lembrava o quanto eu adorava esse programa! O quanto o Chacrinha era colorido. E que antes, mas muito antes de Almodóvar, foi ele, o Velho Guerreiro, quem me viciou em cores, sem direito de defesa.

Enquanto via o programa, dei uma olhada na minha casa. Putz, eu sou mesmo uma pessoa que formou o gosto naquela miscelânia que era o Cassino do Chacrinha. Eu misturo tudo (menos estampa, por enquanto). Eu não sigo uma linha, em nada. Eu sou over. Eu vou juntando.

Chorei vendo o programa. Chorei na hora em que apareceu o Russo chorando. Aquilo acabou comigo. Era mais de meia-noite e eu ali, no sofá, chorando junto com o Russo. Mas, como tudo é uma mistura, até de sentimentos, eu ri demais também. O Chacrinha jogando pó de café no povo, e o povo exibindo a cara suja, se achando o máximo, era algo surreal. As chacretes eram a coisa mais over do mundo. As roupas delas, as dancinhas, as caras de safadas ótimas. Ai, que saudade. Que nostalgia! Caraca, eu passava os sábados vendo aquele programa, e parece que foi ontem!

Dormi com saudade do Chacrinha. Acordei morta de saudade do Chacrinha. E hoje passei o dia baixando coisas como Léo Jaime, Sidney Magal, Herva Doce e Abysntho. Sem a menor culpa. Eu sou isso mesmo. Uma pessoa que passava as tardes de sábado dançando e cantando, diante daquele velho de buzina na mão, sorrindo meu sorriso banguela e sem contas para pagar.

Eu sou isso mesmo: uma pessoa colorida. E uma pessoa que sente muita saudade.

sexta-feira, julho 18, 2008

A "presença" insistente dos que partem


Por que quando uma pessoa vai embora a casa fica cheia dela?

A mousse de chocolate comida pela metade, na geladeira. O remédio esquecido. As minhas coisas usadas por ela, aqui e ali: a bolsa vazia, as luvas que ajudaram a proteger do frio, o cachecol. Muitos fios de cabelo espalhados pelo chão. Todas as nossas diferenças e semelhanças, em cada canto da casa.

Agora tudo me lembra a minha irmã. Tudo, tudo.

Ah, breguinha, como eu vou dormir hoje sem ouvir o seu ronquinho?

quinta-feira, julho 17, 2008

Cinelândia


Vejo a Cinelândia quando fecho os olhos. Vejo tudo do alto. Como se eu estivesse realmente voando, e não apenas admirando a paisagem de uma sacada. De olhos fechados, tenho uma visão geral da Cinelândia, de ponta a ponta. Abro os olhos. Mesmo assim, eu ainda estou lá.

segunda-feira, julho 14, 2008

O escafandro, a borboleta e todo o meu amor

Viver o hoje pode ser tudo o que nos resta. Carregar para sempre na memória apenas aqueles que realmente importam. "Um fragmento de pai ainda é um pai". Dessa frase eu nunca vou me esquecer. Eu esqueço pouquíssimas coisas, aliás. Um fragmento traz em si a essência inteira da coisa que o originou. O meu avô definhando, carregado por enfermeiros, ainda era o meu avô. Foi meu avô até o final, para sempre. Você será sempre você, mesmo que em fragmentos na minha cabeça. Mesmo que em algum lugar escondido dentro de mim. Mesmo que exalando pelos póros da minha pele. Mesmo que saindo somente para depois outra vez entrar. Entrar como se fosse a primeira vez. E sempre fingindo que será a última.

sexta-feira, julho 04, 2008

Irmã



Sangue do meu sangue bem pertinho. Debaixo do mesmo teto. Cheirinho da minha casa se espalhando pelos cantinhos da minha outra casa. Pisando o mesmo chão. Sangue do meu sangue dormindo ali na minha cama. Pele da minha gente debaixo dos meus lençóis. Bagagem pela casa. Presentes para mim. Um pouco de todos os meus trazidos no sorrido dela. Presença de família. Por catorze maravilhosos dias.

terça-feira, julho 01, 2008

De Cuba te traigo un beso


Num dia, acordo querendo ouvir Beulah. No outro, exatamente 24 horas depois, acordo querendo ouvir Djavan [mas coisas do final dos anos 70, o que faz com que eu me sinta um pouco menos estranha].

Sou essa confusão humana e sonora, meu amor.

Mas, como numa prece sagrada, sonho todos os dias com as tuas mãos. Acho que com apenas uma delas. Não me lembro agora.

[...]

Como tu bem sabes, eu nunca fui a Cuba. Mas também acordo pensando que, no dia em que eu for, de lá te trarei um beijo.