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Pra doido ler

quinta-feira, maio 29, 2008

Por uma vida mais moderninha


Não, não queria ser eterna. Queria era ser moderna.

Queria levar uma vida moderninha.

Queria ser desapegada e não fazer a menor questão das pessoas. Queria ter um umbigo gigante e só pensar em si. Queria relações superficiais e nada mais. Queria aquele homem que nunca mais vai ligar e, se bobear, um dia depois já vai ter esquecido seu nome. Queria aquele homem que nem vai dar oi na rua. Nunca mais. Queria do seu lado, em todas as situações, pessoas com medo de se comprometer e, de preferência, que agissem como adolescentes (independente da idade que tivessem). Queria amigos com quem não pudesse contar nunca. Aliás, queria amigos virtuais apenas, que dissessem que a amam e que morrem de saudade (no orkut, claro), mas que nunca, nunquinha mesmo, ousassem marcar um encontro real, uma cerveja, um cinema ou uma visita à sua casa, para matar essa saudade louca.

Queria levar uma vida moderninha.

O problema é que, na teoria, era uma beleza. Só na teoria. Na prática, não passava de uma pessoa totalmente deslocada.

quarta-feira, maio 14, 2008

Sentimentos sem nome devem ser jogados no lixo


Quando criança, gostava mais de dar nome às bonecas do que de brincar com elas. Alguns nomes se repetiam, outros eram novidade. Mas eles existiam sempre.
Agora não sabia dar nome ao que sentia. E, como fez com as bonecas velhas e quebradas, decidiu que sentimentos sem nome devem ser jogados no lixo.

terça-feira, maio 06, 2008

A camiseta dele, o dia dele


Passei o dia todo com a camiseta dele. Molinha, velhinha, incrivelmente ainda com aquele cheiro que eu reconhecia de longe. Ela era branca, mas o tempo a fez amarelada em alguns pedaços. E eu realmente não me lembro de tê-la lavado nesses oito anos.

Acho que nunca lavei, com medo de perder o cheiro dele. Por causa desse mesmo medo, só lembro de tê-la usado duas vezes: uma para sair, em um dia que senti que precisava de proteção, e uma para dormir, em um dia que esperava que ele viesse me visitar à noite.

Mas hoje, hoje foi diferente. E eu passei o dia todo com a camiseta que tem o nome dele bordado por minha avó. Só tirei agorinha e em uma partezinha da tarde em que precisei sair.

Passar o dia todo com essa camiseta molinha e velha foi como ter passado o dia todo abraçada a ele. E 6 de maio, ano após ano, era uma data em que os abraços eram ainda mais fortes. Hoje eu passei o dia todo dando e recebendo um abraço gostoso nele. No avô que completaria 88 anos.