A camiseta dele, o dia dele
Passei o dia todo com a camiseta dele. Molinha, velhinha, incrivelmente ainda com aquele cheiro que eu reconhecia de longe. Ela era branca, mas o tempo a fez amarelada em alguns pedaços. E eu realmente não me lembro de tê-la lavado nesses oito anos.
Acho que nunca lavei, com medo de perder o cheiro dele. Por causa desse mesmo medo, só lembro de tê-la usado duas vezes: uma para sair, em um dia que senti que precisava de proteção, e uma para dormir, em um dia que esperava que ele viesse me visitar à noite.
Mas hoje, hoje foi diferente. E eu passei o dia todo com a camiseta que tem o nome dele bordado por minha avó. Só tirei agorinha e em uma partezinha da tarde em que precisei sair.
Passar o dia todo com essa camiseta molinha e velha foi como ter passado o dia todo abraçada a ele. E 6 de maio, ano após ano, era uma data em que os abraços eram ainda mais fortes. Hoje eu passei o dia todo dando e recebendo um abraço gostoso nele. No avô que completaria 88 anos.
1 Comments:
lindo, Fê! Você leva um jeito incrível para falar dessas emoções, digamos, familiares. Deveria escrever um livro de crônicas. Eu comprava e ainda ía ao lançamento :)
bjks!
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