Um telefonema à noite na casa onde quase nunca o telefone toca. Nem era quem eu estava pensando, os hóspedes que estavam para chegar. Era ela, minha pequena amada. Amanda. Estava eufórica.
- Dinda, eu tenho uma novidade ÓTIMA!
O “ÓTIMA” foi assim mesmo: nitidamente com letra maiúscula.
- Jura, meu amor??
- Meu dente está mole!!!!
Que ela está grande demais e que o tempo voa eu já vinha percebendo. No final do ano, eu tive mais uma prova. Diante dos meus olhos. Mas, mesmo assim, eu nem havia pensando que, mais dia menos dia, eu ia receber essa notícia tão ótima! E dela: nada mais justo que ela me contasse uma novidade tão bacana!
- E é um dentinho de cima ou de baixo?
- De baixo, de baixo! – (continuava eufórica).
- Quando cair, você me liga para contar?
- Eu ligo, eu ligo. E tiro uma foto banguela para você me ver!
Quando ela disse tudo isso, eu já estava chorando há um tempinho. Disfarçando, claro. Afinal, a notícia que ela espalhou de forma tão radiante me causou uma alegria sem tamanho. O choro era de felicidade, reação natural de um amor sem tamanho vindo de um coração mais mole que aquele dentinho. E criança nem sempre entende por que esses estranhos seres chamados adultos conseguem chorar porque estão alegres.
Chorei porque lembrei que outro dia (sim, parece que foi ontem) me ligaram para dizer que ela ia chegar. Depois, me ligaram para dizer que ela tinha nascido, naquela terça-feira quente de dezembro de 2001. Em seguida, me ligaram para dizer que ela tinha ido para a escolinha. E eu sempre aqui, recebendo todas essas ÓTIMAS notícias pelo telefone. Mas querendo ser cada vez mais e mais presente nessa trajetória que já dura cinco anos e que eu tenho certeza que vai ser sempre radiante.