Tratamento para quê?
Ontem eu decidi ligar para um psicólogo que atende pelo plano de saúde ao qual aderi mês passado. A secretária do consultório atendeu educadamente e, segundos depois do meu oi, ela perguntou:
- É tratamento para quê?
Eu juro que pensei em responder “tratamento para dor de amor”, “tratamento para pé na bunda”, “tratamento para desespero amoroso”. Cheguei também a pensar em perguntar: “Quais tratamentos vocês têm aí, hein?” Monossilábica e muito confusa, respondi apenas: “Não, não, é minha primeira vez.”
Mas o resumo da ópera é que, no final das contas, o negócio é o seguinte, segundo palavras da secretária, do outro lado da linha:
- A senhora tem que ter um pedido médico para vir começar a terapia. O médico é quem vai encaminhar, dependendo do seu problema. Depois disso, a senhora tem que passar por uma perícia direto com o plano de saúde. Eles vão ver se a senhora precisa mesmo do tratamento.
Desliguei o telefone e fui para a Paulista pegar meu ônibus. Eu gritei por ajuda, mas, para um “psicólogo de plano de saúde” (falo com a entonação de quem fala “advogadozinho de porta de cadeia”), não sou eu quem decide se meu problema é digno de tratamento ou não.
3 Comments:
o lance é não institucionalizar a dor. a terapia é escrever, e vc a pratica divinamente bem.
eu falo de cátedra, vivi e vivo dores que me são mais brandas com a terapia "escreva um conto", não é a toa que ando às voltas com o meu "sobre vodka, poemas e superações"...
bjins
Fernanda, baú, deixa eu meter minha colher mesmo que tu não respondas a nenhum destes comentários aqui postados. Aliás, nunca vi tu comentares nada do que teus amigos te escrevem.
Eu acho (e todo achismo é egoísmo), cá do lado de fora, que tu estás superdimensionando esse homem. Eu compreendo a tua dor - jamais te diria "sei como tu te sentes", até porque essa é uma das maiores mentiras institucionalizadas - mas acredito que tu poderias olhar um pouco ao redor, acima e além dessa dor.
Acho legal que tu procures um psicólogo (estou com um estudante do assunto dentro de casa) até porque vai ser o profissional que vai te ajudar a organizar esses sentimentos todos de raiva, sensação de abandono, tristeza, mágoa, que viram um caldeirão explosivo.
Acompanhei tua tristeza pós-Adriano e vejo que de tudo isso sobram grandes lições.
Vá atrás de um psicólogo nem que seja no serviço público - São Paulo deve ter vários - ou procure um padre, pastor, sei lá, numa igreja, converse, chore, desabafe, peça a Deus forças..
Quando eu estava grávida de Yáron, num turbilhão de coisas que passei (a gente sempre acha que a dor da gente é maior que a do outro) eu descobri muita paz na oração e na escrita, como a Anne mesmo mencionou.
E por favor: pára de estar sempre puxando ganchos para colocar ele em cena. A página foi virada. Começa uma nova etapa. A lagarta sofre para virar borboleta, Fê.
Tu já pensaste no que ele pensa de ti quando lê esse blog? "Ah, a coitada...".
Pior do que esmola é sentimento de piedade falsa. Pensa nisso, Fê.
eu te amo,
Kátia
Fê, lindona.
Faço terapia com uma psicóloga que é muito legal. Se vc quiser, te passo o telefone. Fica lá na Paulista!
Beijoooooooo!!!
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.
<< Home