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Pra doido ler

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

O livro que não vou escrever (ou divagações de uma tarde triste)

Guardei no celular uma mensagem dele, mandada há quatro meses, na qual ele era curto e doce: “Te amo”. Enviada às 23h02 do dia 24 de setembro, no meio do show dos Los Hermanos, depois de uma briga.
A cena agora é outra: o apartamento, o nosso, onde vivemos felizes (mas não para sempre), está um tanto quanto vazio. Ele saiu de casa há alguns dias e ontem eu tive um colapso nervoso. Ele foi curto e grosso: “Não te amo mais”.
Os últimos gestos dele direcionados a mim foram carregados de pena, o que só me deixa pior. Ele voltou-se para mim, nos últimos instantes que antecederam a separação completa, com um cuidado de pai, um carinho de irmão e uma atenção de enfermeiro. Eu, totalmente descontrolada, vi ali, na minha frente, o homem que eu amo enxugar meu rosto molhado de suor e de lágrimas lentamente, com muito cuidado.
Minutos antes, eu xinguei esse mesmo homem e cheguei o mais perto que já estive da idéia de morte. Senti medo de mim mesma.

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Eu realmente não acredito que alguém vai amá-lo como eu. Mas ele acredita. Caso contrário, teria cuidado melhor desse amor. “Isso a gente não escolhe”, vem um no meu ouvido e diz. “Vai passar. Seja forte. Um dia ele vai se arrepender”, alguém me escreve.
Será? Passar, eu acho até que passa, mas no que se transforma um amor tão puro? Onde eu coloco ele nessa fase de transição?

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Percebo, agora, que isso aqui poderia até virar um livro. Por tudo. Muitos anos e muitas histórias. Coisas em comum, conflitos, um constante crescer a dois que deu em nada. Poderia dar um livro, sim. Mas eu acho melhor não.

2 Comments:

At 7:22 PM, Anonymous Anônimo said...

Fê, linda, eu acho sim que essa história deveria virar um livro. Mas esse livro não terminaria no momento da separação: iria além, muito além, para mostrar a todo mundo que a vida continua e que a alegria sempre volta. E ela vai voltar para você, tenho certeza. É só ter paciência! Se cuida.

 
At 12:24 AM, Anonymous Anônimo said...

Queria ser insensível e não estar chorando agora.

 

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