O dia em que o Papai Noel ligou para Amanda
Eu nunca acreditei em Papai Noel. Nunca, nunquinha mesmo. Minha mãe criou a gente assim, dizendo que Papai Noel não existia, mas sim o "espírito natalino". Ela fez isso porque quando ela era criança sofreu muito ao ver que o tal bom velhinho ia à casa dela todos os anos, mas sempre "esquecia" de passar para deixar os presentes das crianças pobrezinhas, que moravam no final da rua dela.
Sendo assim, mamãe decidiu que a gente não ia acreditar no velhinho. Criei sem traumas por causa disso e não lembro nem de ter desfeito a magia de alguma amiguinha da escola. Eu sabia que era tudo mentira, mas ficava na minha.
Esse ano, pela primeira vez, eu vi a euforia de uma criança diante do mito do Papai Noel. Para completar, a criança é a que mais amo no mundo: Amanda. Como diz a minha mãe, "avó é bicho bobo", porque agora, aqui em casa, a mesma casa onde o mito do velhinho barbudo nunca teve vez, a cena é diferente.
Na noite do dia 24, o Papai Noel ligou para Amanda. Na verdade, já que aqui ninguém acredita nele mesmo, eu liguei para o celular de Tatiana, responsável por passar o recado. Amanda não queria colocar o lindo vestido para irmos à festa de Natal na casa de Lagico (ela queria ir com uma roupa velha) e Tatiana teve a idéia: vai ser Papai Noel quem vai dizer que ela tem que ir com essa roupa.
Só posso dizer que foi lindo e emocionante. Amanda gritava, eufórica, ao ouvir a conversa de Tatiana com o exigente velhinho, que pedia que ela vestisse o vestido amarelo e laranja, penteasse o cabelo (coisa que ela odeia) e fosse uma menina obediente (well... hehehehehehe).
Em cinco minutos - prazo dado pelo velho Noel - Amanda, com a ajuda minha, da mãe dela e de Tatiana (Titá), trocou de roupa, limpou os pés já calçados, penteou o cabelo e ficou linda! Como uma noiva nervosa, à beira do altar, ela chegou a pedir: - Água, gente, por favor, quero água... Ai, será que vai dar tempo?
Deu tempo. "Papai Noel" ligou de novo para o celular de Tatiana e ficou sabendo que Amanda tinha trocado de roupa e estava pronta para a festa de Natal. Tatiana confirmou com ele se o acordo estava de pé.
- Então, ela vai ganhar o que pediu, Papai Noel? Vai???
E ela do lado, aos pulos e gritos: - Eu consegui, eu consegui!!!
Continuo sabendo que nem toda criança consegue. Continuo, como minha mãe me ensinou, triste porque muitas crianças seguem acreditando no mito que nunca se torna realidade. Mas confesso que, pela primeira vez na vida, eu embarquei na viagem do Papai Noel e foi emocionante. Porque vi de perto não o bom velhinho, mas a inocência em estado puro.
1 Comments:
Linda, linda. O Natal é muito mais alegre quando há uma criança por perto.
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