Euforia de xingar mulher feia (ou mais uma de ônibus)
O menino devia ter no máximo doze anos. Estava do lado da mãe, 7 e pouco da manhã, no ônibus que atravessava a Rebouças.
- Mãe, eu tenho alegria, euforia de xingar mulher feia. Mas tem que ser feia mesmo! Assim bem gorda e desgraçada.
Eu estava com sono, mas aquilo me acordou. Era surreal demais.
A mãe, que ironicamente não era bonita nem nada, com esperança de que o filho ainda poderia ter jeito, rogou a praga.
- Um dia, meu filho, você ainda vai se apaixonar por uma mulher bem feia, barriguda e cheia de estria.
- Deus me livre! - rebateu o menino, certo do seu destino. - Não sou que nem meu pai, doido por mulher. Eu morro só, mas não me junto com mulher feia!
Eu estava ouvindo aquilo? Quem falava era mesmo praticamente um menino??? Medo!
A mãe, mais uma vez, apelou para a lição de moral.
- E você? Você se acha muito bonito?
- Não tem problema, mãe. Mulher não gosta de homem bonito. Mulher gosta de homem legal! Legal, engraçado e educado.
- Duro, então! - ironizou a mãe.
- É. Bem duro e grande. - disse o "diacho" do menino, me fazendo olhar para ele, espantada.
- Eu tô falando de dinheiro! - retrucou a mãe, aos berros.
Desci do ônibus. Não ouvi mais nada. E precisava?
Só para constar: ouvi isso, exatamente como está aqui, hoje de manhã, indo trabalhar. Ao pegar o segundo ônibus, peguei um papel correndo e escrevi o que acabara de escutar. Não é todo dia que uma história cai assim, pronta, no nosso colo.
1 Comments:
que bizarro! isso é uma cena...
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