Uma carta de amor sobre medos
[não, meu amor, não tenho medo]
eu tenho medo de poucas coisas. uma delas é assombração. mas tenho medo apenas das assombrações vivas. daqueles fantasmas que rondam sonhos e que se manifestam quando estão às vésperas de serem enterrados. enterrados mais uma vez. daqueles espectros malditos que vagam ao redor de cabeças fracas. fracas assim como as nossas.
[não, meu amor, não tenho medo]
eu temo pouquíssimas coisas. e penso pouco nelas, para falar bem a verdade. mas eu temo sonhar com crianças que nunca vi. porque elas não escutam quando grito, implorando que fiquem onde estão. que fiquem lá porque eu não as conheço e não sou quem elas pensam que eu sou. elas simplesmente não escutam.
[sim, meu amor, tenho um pouco de medo]
tenho um medo, mas ele é bem pequeno, de te ver se perder por aí. e eu sem poder fazer nada. tenho um medo, mas ele é quase insignificante, de ficar parada, com os pés na areia, sem nada falar e quase sem nada sentir. sem ânimo nem para pedir socorro. apenas ali. a ver navios.
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