A debutante
Minha saudade hoje debuta. Está dançando valsas. Rodopiando pelo salão. Completa 15 anos hoje a minha saudade. É uma menina-moça. Saiu para pintar as unhas. Aprendeu a caminhar sozinha. Acha que nem precisa mais de mim para seguir descobrindo o mundo.
Minha saudade hoje debuta. E está cheia de dúvidas. Chora sozinha no quarto. Cheia de hormônios, chora sem saber por quê. Ouve música bem alta. Alimenta um amor platônico. Briga com os pais, sempre sem um motivo aparente. Gosta de inúmeras bandas de rock. Quer fazer uma tatuagem. E colocar um piercing.
Minha saudade hoje debuta. Pensa que é uma adulta. Mas isso não passa de um pensamento arrogante de adolescente. Minha saudade, na verdade, ainda é criança. Fresquinha e novinha, ela me visita de vez em quando. E me mostra, entrando em uma contradição de menina, que o tempo alivia, sim, decerto alivia, mas que a ferida estará para sempre aberta. E que ainda dói.
Há 15 anos, eu perdi vovó Ditosa, mãe da minha mãe, a primeira a me ensinar que a dor de perder um avô é eterna.
1 Comments:
Nossa, Fê...que danada...
é triste, mas é tão lindo, tão lindo!!!! Será que um dia eu chego nisso?????
Beijoooooooooooo!!!!!!!
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