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Pra doido ler

domingo, outubro 29, 2006

O azar não é meu (ou A saga da carteira intacta)

Cheguei de volta ao Center 3, meia hora depois, branca (mais do que o que já sou), tremendo e chorando. Depois de sacar uma grana no caixa eletrônico, fui votar no Paraíso. Ou seja, foi o tempo de atravessar a Paulista e eu descobrir que tinha deixado minha carteira com TUDO dentro (menos dinheiro, mas todos os documentos e o ingresso para o Tim Festival) no caixa eletrônico do shopping.
Ao me ver, claro que a segurança que achara a carteira sabia que a dona da mesma era eu, aquela desesperada. Mas, mesmo assim, para seguir as normas, ela começou a me perguntar o que tinha dentro da carteira.
- Tem uma foto de uma menininha loirinha?
Chorei ainda mais.
- Sim, é Amanda, minha sobrinha!!!!
Alívio imediato. A carteira estava lá, com TUDO dentro. Mas havia sido levada pela segurança para a administração, para que anotassem todos os itens que estavam dentro dela. Enquanto isso, eu fui parando de chorar aos poucos, de tremer aos poucos e pensei na promessa que havia feito: mais um ano sem sorvete.
A segurança simpática disse que eu estava com cara de desesperada.
- Eu sei, eu sei. Já fiquei uma vez assim neste mesmo shopping, acredita? – resolvi contar, para passar o tempo.
- Jura? Já tinha perdido a carteira antes?
- Não, nunca. Vi meu ex-marido. E o cara da bilheteria do cinema me viu tremendo, quis saber se eu queria que ele chamasse o segurança.
Risos. A segurança simpática riu muito.
- Mas é porque você ainda gosta dele, né?
- É, gosto.
- E, desculpe perguntar, mas por que separou?
Por dois segundos, pensei em não falar. Mas o alívio e a alegria de ter achado minha carteira intacta pediam momentos de sinceridade extrema.
- Ele se apaixonou pela Internet.
- Ah, você ta brincando! – e a segurança simpática colocou as mãos na cintura.
- Não, eu juro, parece piada, mas é verdade.
- Por quem???
- Por uma mulher da Sérvia.
- Onde?? Nunca ouvi falar. Sou burra. – e ela riu.
- Não, é que quase ninguém ouviu falar desse lugar mesmo. – eu disse.
- E você já viu ela?
- Por foto.
- É bonita?
- Não. Mas é loira do olho claro.
- Afe! Aí eles perdem a capacidade de analisar se é bonita mesmo, né? – questionou a segurança simpática e eu fiquei com muita vontade de rir. – Mas será que ele não buscou na Internet o que não tinha com você?
Pensei por dois segundos e ela mesma, a segurança simpática, emendou:
- Se bem que como ele teria isso pela Internet?
Nem sei o que ela quis dizer com “isso”.
Uns 20 minutos de conversa depois, chegou a outra segurança com o relatório do que tinha na minha carteira, minha carteira na mão e um papel para eu assinar. Alívio, alívio. Peguei tudo, agradeci, me despedi das duas e saí andando como se estivesse pisando nas nuvens. A que já sabia de parte da minha vida ainda gritou, antes que eu descesse pela escada rolante:
- Ei, moça, não fica triste com essas coisas, não. Olha como você tem sorte!
É, eu tenho muita sorte mesmo, pensei ainda sem saber se ria ou se chorava de tanta alegria. O azar definitivamente não é meu.

2 Comments:

At 4:43 PM, Anonymous Anônimo said...

Ah!!Fê tive q deixar um comentário, rs... definitivamente a má sorte não é sua!? E uns minutinhos de análise, com direito a opinião alheia e tudo,rs... acompanhado de um grande final: recuperou sua carteira intacta! Bjs e ótimo final de domingo!

 
At 12:10 PM, Anonymous Anônimo said...

fê! adorei o texto, fiquei atpe arrepiada! se pudesse, te dava um abraço agora! bjo!

 

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