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Pra doido ler

terça-feira, julho 31, 2007

Adultinha


Amanda e a mãe estavam jogando no computador, quando ela, de repente, disse:

- Mãe, não quero mais jogar isso, não. É pra criança!

A mãe, minha irmã caçula, calmamente respondeu:

- Ô, meu amor, mas você é criança. Não queira ser adulta antes do tempo, não. Ser adulto é chato.

- Eu sei, mãe. Eu não sou adulta. Sou adultinha.

domingo, julho 29, 2007

A fabulosa franja de Amélie Poulain (ou quase)



Daí que você decide mudar. E isso comigo acontece com frequência. Putz, tem que ser agora. Preciso ir pro trabalho. Mas dá tempo. O que pode ser mais rápido que uma franja? Nada, absolutamente nada.

E você entra no salão, pouco depois das 9 da manhã.

- Oi, queria cortar uma franja.

- Só? - Sim, olham com desprezo para quem só quer cortar uma franja.

- Só.

Você se senta na cadeira. E o cabeleireiro quer saber que tipo de franja você quer.

- Uma franja normal. Cheia, sabe?

- Curta?

- Não, na altura da sobrancelha, sabe? Tipo quando a mãe da gente cortava...

- Não é repicada, desfiada, pra usar de lado?

- Não. Assim já está, né? Quero aquela franja de sempre...

E o cabeleireiro olha para você em busca de mais explicações. Mais?? "Ele só pode estar brincando comigo!"

- Sabe a Amélie Poulain?

E ele faz uma cara de quem não sabe.

- A do filme?

- Sei, sei... - [e você continua sem sentir tanta firmeza].

- Pois é. Pode cortar daquele jeito.

- Mas a dela era curtinha.

- É, era mesmo. Corta mais ou menos como a dela, só que mais comprida.

- Sei... ai, a Juliete Binoche tava linda demais naquele filme, né?

Daí você pensa em sair correndo. Correndo mesmo, sem nenhuma explicação. Mas, ah, foda-se. Afinal, ele vai só cortar a sua franja. E é daquele jeito "normal", sabe?

- É, tava linda mesmo.

sexta-feira, julho 27, 2007

Meu vício, desde o início

terça-feira, julho 24, 2007

Consolação X Paulista


Quando dobrou a esquina na Consolação e caiu na Paulista, estava ouvindo “We both go down together”. No último volume, mas, mesmo assim, a cidade ainda berrava mais alto. The Decemberists”, bandinha indie na qual se viciara nas últimas semanas. Porque não demorava nem dois minutos para que ela se viciasse em vozes masculinas que saem pelo nariz.

Quando dobrou a esquina na Consolação e caiu na Paulista, estava com o tênis todo molhado, porque não parava de chover em São Paulo. E ela insistia em andar de All Star praticamente todos os dias. Fingia que acreditava que não ia chover. Fingia que seu tênis não encharcava em dias de incessantes lágrimas celestes. E saía com ele mesmo.

Quando dobrou a esquina na Consolação e caiu na Paulista, um morador de rua pediu uma ajuda. Ela queria uma ajuda também, mas bem mais complexa. Ignorou, como a maioria das pessoas sempre faz. E se sentiu culpada. Mas a culpa deve ter durado cerca de 1 minuto. É a vida...

Quando dobrou a esquina na Consolação e caiu na Paulista, ela sentiu muita vontade de ir ao cinema. Por 4 minutos e meio ficou escolhendo o que ia assistir. Enquanto isso, pensou em como agora ela só pensa nela. E em como a sua vida parece um filme, inúmeras vezes muito, mas muito ruim.

Quando dobrou a esquina na Consolação e caiu na Paulista, ela teve certeza de que alguma coisa acontece no seu coração, sim. Mas é ali.

quarta-feira, julho 18, 2007

[...]

[dessa vez não deu para ficar afastada da tragédia. não consegui. a angústia sentou do meu lado e dormiu comigo. foi muito perto. não teve jeito. um filme passou pela cabeça. podia ter sido eu. podia ter sido um amigo. podia ter sido um familiar. podia. não foi. ainda bem. mas eu chorei quando vi aquelas pessoas esperando notícias dos seus. e um filme passou pela cabeça. revi todas as vezes que fiz de tudo, até mudar data de viagem, só para descer ali. mais prático, mais perto. perto demais. perto demais para ficar indiferente. desde ontem eu choro. e não consigo sentir aquelas mais de 200 pessoas apenas como um número em home de portal. apenas como estatística para comprovar que foi o maior acidente aéreo da américa latina. até quando isso? que bosta.]

terça-feira, julho 17, 2007

Romeu e Julieta [fábula cruel e revisitada]


Romeu mentiu tanto, que Julieta passou a acreditar que era verdade toda aquela mentira.



Julieta inventou um mundo de sonhos.
Romeu inverteu valores.


Julieta tentou se matar.
Romeu pensou em correr.


Julieta ficou cega.
Romeu ficou mudo.


Mas nenhum dos dois morreu no final.
E foi feliz apenas quem entendeu que era mentira toda aquela verdade.

quarta-feira, julho 11, 2007

Por onde for quero ser seu par




Porque uma sempre foi o meu referencial mais próximo,
um ídolo que dormia no quarto ao lado.

E porque eu sempre andei atrás da outra,
aprendendo desde cedo a ser guardiã.

sábado, julho 07, 2007

07.07.07: Dia de Bernardo


Logo de manhã, a notícia veio por sms: "Fê, Bernardo nasceu!!! Beijos! Larissa"

O dia começou feliz, com cheirinho de menino novo, que veio para alegrar uma família que eu amo muito.

Bernardo nasceu. Também sou tia dele. Ele é sobrinho meu.

O sábado começou feliz, com chorinho de menino novo, que veio em um dia especialmente inesquecível e numericamente belo: 07.07.07.

E chegou esse menino, em uma data que para essa tia aqui já era importante. Chegou esse menino no dia do aniversário de Ringo Starr! E 7 de julho passa agora a ter uma importância ainda maior.

Seja bem-vindo, Bernardo. Logo mais essa tia aqui aparece na sua casa levando as baquetas!

p.s: Na foto, eu e Elise, a mamãe, em abril.

quarta-feira, julho 04, 2007

Duas primaveras



Nem tinha telefone, mas a amiga passou na sua casa e fez o convite pessoalmente.

- Vamos ao cinema?

Era dia 1º de setembro de 1999 e ela não tinha nada para fazer. Já tinha estudado, continuava sem trabalho, mas tinha uma grana para pagar o filme e o que ia comer depois.

Foi.

Conheceu ele.

O filme era uma bosta.

O bar para onde foram depois, uma merda.

Por que aquela história haveria, então, de ser legal?

E não foi. Foi uma droga.


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Nem tinha telefone, mas a amiga passou na sua casa e fez o convite pessoalmente.

- Vamos ao cinema?

Era dia 1º de setembro de 1999 e ela já tinha marcado de fazer outra coisa, com outras pessoas. Ia ver um filme na Cinemateca, em uma mostra que era de graça. Continuava sem trabalho e estava sem grana.

Não foi.

Não conheceu ele.

Gostou do filme que viu na Cinemateca.

Não teve grana para ir para bar nenhum depois.

Por que a sua história não foi, de fato, essa?

Não foi. E foi uma droga.